CORRESPONDENTES, INTERNACIONAL
MAZOLA, 11 horas ago 0 5 min read
Por Osvaldo González Iglesias –
A administração de Javier Milei enfrenta uma série de desafios significativos à medida que procura impulsionar mudanças na economia argentina. Embora tenha conseguido reduzir a inflação mais rapidamente do que o esperado e estabilizar o valor do dólar, bem como alcançar o equilíbrio fiscal e financeiro, ainda enfrenta dificuldades para obter a aprovação das leis enviadas ao Congresso.
Um dos principais retrocessos é a situação do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que ainda está em vigor, mas corre o risco de ser revogado pelo kirchnerismo, pela omissão do radicalismo e pela oposição de alguns governadores. Estes últimos, na tentativa de extorquir o governo para resolver os défices nas suas províncias, têm dificultado o processo legislativo.
É importante lembrar que o DNU abordou a eliminação de diversas restrições que afetavam o cotidiano dos argentinos, bem como a corrupção manifesta em determinados procedimentos. Por exemplo, eliminou a obsoleta lei do arrendamento, que promoveu a reactivação do mercado imobiliário. Também levantou restrições para incentivar a concorrência em diversos setores, reduzindo o monopólio da Aerolíneas Argentinas e promovendo um mercado mais aberto e competitivo.
Além disso, o DNU simplificou os procedimentos dos veículos, eliminando taxas excessivas que transformavam os cartórios em centros de cobrança política. Estas medidas contribuíram para reorientar a economia, reduzir a inflação e avançar para o equilíbrio fiscal. No curto prazo, espera-se que a elevação dos estoques de dólares e a eliminação do imposto sobre o país sejam benefícios diretos destas ações.
Apesar destes avanços, a administração de Milei continua a enfrentar resistência política e obstáculos legislativos. No entanto, o governo continua a trabalhar para superar estes desafios e avançar em direção a uma economia mais forte e próspera para todos os argentinos.
Recessão e Reformas: Perspectivas para a Economia Argentina
A economia argentina enfrenta atualmente uma recessão profunda, gerada em grande parte pela perda de valor dos salários, que reduziu o consumo e retirou dinheiro do mercado. Esta situação levou a uma revalorização da moeda local e a uma diminuição das posses de dólares dos cidadãos.
Além disso, a redução da taxa de juro por parte do Banco Central tem contribuído para uma espécie de “alquimia financeira”, que permite reajustar as contas e reduzir as despesas do Estado. Esta medida procura corrigir o desperdício desenfreado do governo anterior, que provocou elevados níveis de inflação e elevou as taxas de pobreza a níveis históricos.
Neste contexto, é necessário normalizar o desequilíbrio tarifário em sectores-chave como os transportes públicos e os serviços. No entanto, os empresários ainda não estão dispostos a ceder relativamente à redução das suas margens de lucro. Diante desta resistência, o governo anunciou a abertura das importações em setores como laticínios, massas e vegetais, com o objetivo de gerar concorrência e moderar os preços.
Espera-se que, à medida que avança o segundo semestre do ano, a economia comece gradualmente a recuperar. No entanto, este processo dependerá em grande parte da implementação eficaz de políticas públicas e da manutenção de medidas como o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU). Só se o governo tiver instrumentos jurídicos adicionais e conseguir manter a estabilidade económica é que o país poderá regressar ao caminho do crescimento sustentado após décadas de estagnação e pobreza.
Resistência às reformas: obstáculos no caminho da mudança
A resistência às reformas propostas pelo executivo argentino surge como um obstáculo significativo no caminho da mudança. Vários actores, desde activistas de causas populares a empresários e governadores, opõem-se veementemente à perda dos privilégios de que gozaram durante muito tempo.
Entre os elementos que alimentam esta resistência estão os múltiplos privilégios incorporados na elite política, que vão desde trustes e seguros até uma rede de corrupção que beneficiou muitos. Recentemente, surgiram práticas como a distribuição indiscriminada de recursos para fins políticos, a atribuição discricionária de fundos a províncias sem controlos adequados e a atribuição de milhões de recursos a organizações sociais sem supervisão eficaz.
Apesar dos milhares de milhões de pesos gastos em políticas sociais, a situação não melhorou, pelo contrário piorou, acrescentando cada dia mais pessoas à pobreza. Este panorama realça a necessidade urgente de reformas estruturais que abordem os problemas fundamentais do país e não se limitem a soluções temporárias.
O executivo identificou estas reformas como fundamentais para a mudança que tanto o país como a população têm exigido através das urnas. Aqueles que se opõem a estas reformas, nas próprias palavras de Milei, são cúmplices do fracasso e da pilhagem. É crucial que a vontade do povo expressada nas eleições seja respeitada e que se registem progressos no sentido de um futuro mais próspero e equitativo para todos os argentinos.
Contudo, espera-se que a resistência a estas mudanças seja feroz e, em muitos casos, violenta. A luta sindical e as manifestações de rua podem ser apenas o início de uma longa e difícil batalha. A elite política, habituada aos seus privilégios, não cederá facilmente e fará todo o possível para manter o seu status quo.
Neste contexto, espera-se que o executivo tenha a determinação e a visão necessárias para ultrapassar estes obstáculos e levar a cabo as reformas de que o país tanto necessita. A história julgará o sucesso ou o fracasso destas iniciativas, mas o que está em jogo é o futuro de uma nação inteira.
OSVALDO GONZÁLEZ IGLESIAS – Escritor e Dramaturgo. Director do jornal eletrônico Debate y Convergencia, correspondente do jornal Tribuna da Imprensa Livre na Argentina.
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